Capacitação do Vidas Preservadas destaca vínculo familiar como ferramenta de prevenção do suicídio 


O fortalecimento do vínculo familiar como ferramenta de prevenção ao suicídio foi discutido, nesta quarta-feira (16/08), durante a primeira edição deste ano da capacitação “Família: Escola de Vida”, promovida pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Programa Vidas Preservadas e do Centro de Apoio Operacional da Saúde (Caosaúde). A formação, que aconteceu no Plenário da Procuradoria Geral de Justiça, em Fortaleza, teve como convidada a professora universitária Susana Kramer de Mesquita Oliveira, que é doutora em Psicologia Clínica e Cultura, diretora-fundadora do Projeto Vincula (Prevenção de Suicídio pelos Vínculos Familiares). 

O evento contou com apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf) e da Escola Superior do Ministério Público (ESMP). A iniciativa é resultado da parceria entre o Programa Vidas Preservadas, vinculado ao Caosaúde, e o Laboratório de Relações Interpessoais da Universidade Federal do Ceará (Labri/UFC), com o objetivo de atender a pessoas que tiveram, no círculo familiar e/ou afetivo, indivíduos que tentaram ou consumaram suicídio.   

Aberta ao público externo, a formação teve a participação de integrantes do MPCE, bem como de profissionais da saúde e da educação que atuam no enfrentamento ao suicídio, como destacou a coordenadora do Caosaúde, a promotora de Justiça Ana Karine Leopércio. “O Vidas Preservadas tem esse grande papel: de ser um facilitador e mobilizador em prol da vida. E essa é mais uma capacitação desse programa tão caro para o MP. É fundamental discutir essas temáticas com os profissionais que estão diariamente diante de questões tão complexas em torno da prevenção, intervenção e posvenção do suicídio. É uma troca de conhecimentos que acontece aqui, mas que resultará em cuidado para quem está em sofrimento psíquico”, analisou a promotora. 

Como explicou a professora Susana Kramer, que é vice-coordenadora do Labri/UFC, o vínculo não se restringe ao campo subjetivo, mas atinge direta e indiretamente o fisiológico. “A prevenção envolve justamente um ator que está em profundo sofrimento. Mas não se trata somente do ato em si que diz isso. É a perda da vida, do contato, de ser nutrido, de descobrir quem é essa pessoa que não está conseguindo se enxergar. Temos muita tela e pouca tele (acesso efetivo e verdadeiro ao outro), muitas vozes e pouco diálogo, muitos sentimentos e poucos afetos”, pontuou. 

Em razão disso, a facilitadora ressaltou que é preciso reforçar aspectos de singularidade, pertencimento, participação e de observação. “Essa pessoa precisa de alguém que acesse a vida com ela, não apenas que esteja ao seu lado. A relação é uma revelação. O vínculo é a base mais próxima, por isso é fundamental trazer os familiares para perto, tirar o medo da aproximação e a sobrecarga que existe no papel de salvador. Nós somos pontes, lugares de troca. Por isso a palavra é vínculo”, frisou Susana Kramer. 

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